“O homem é um animal político” (Aristóteles)
A citação aristotélica que encabeça estas linhas reflete a condição do
homem em relação à sua característica social mais marcante: a de se agremiar no
intuito de buscar no outro a sabedoria necessária à complementação da própria,
para desta maneira promover um meio de melhor convívio social. Desde os primórdios é notada a característica
cooperativista inerente à natureza humana, facilmente observada na busca do
homem por uma vida em sociedade, seja ela baseada em laços consangüíneos,
afetivos, ou contratuais.
A consolidação dos princípios
norteadores do Estado visa, de forma mais elaborada, atender às mesmas
necessidades do homem primitivo, quando este buscava refúgio no seio de sua
célula familiar, embora o faça de forma mais organizada e abrangente. Tal como
a figura patriarcal representava uma liderança no âmbito familiar, o soberano do
Estado, segundo a teoria contratualista, regula parte dos direitos dos quais o
povo abriu mão em favor da coletividade, para que esta se desenvolva de forma
plena.
Trazendo a discussão aos dias atuais
e à realidade pátria, onde os cidadãos gozam da faculdade de eleger de forma
democrática seu soberano, torna-se relevante pontuar a importância da
cooptação, da cooperação, do eleitorado em prol de um interesse maior. A
realidade contemporânea nos trás um panorama preocupante, já que as mazelas de
nossos representantes, muitas vezes, acabam por fazer com que o povo tire de
seu foco de interesse a realidade política, o que provoca um profundo dano às
noções inerentes à política, no sentido puro da palavra.
O desinteresse do eleitorado faz com
que pessoas desprovidas das qualidades morais razoáveis ao exercício de
determinado cargo público voltem a ocupá-lo. É esse o foco da discussão,
conscientizar o eleitorado da importância da militância política para
concretização da mudança que todos esperamos, uma mudança que seja em favor do
povo e que promova o pleno gozo dos direitos fundamentais garantidos pela Magna
Carta.
Devemos
ver nos escândalos políticos um exemplo. Sim, um exemplo. Um exemplo de prática
a ser abolida de nosso cotidiano. Temos de enxergar a política tal como fazia
Ruy Barbosa, que a descreveu como “a arte de
gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou
tradições respeitáveis”. Para que a
politicalha, definida pelo mesmo autor como “a indústria de explorar o
benefício de interesses pessoais” se transforme na mais pura política,
precisamos passar de meros espectadores a agentes transformadores de nossa
realidade, usando o voto como arma contra os abusos cometidos contra a “res publica”.
(Rafael Fernandes Mussi é servidor da Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, Acadêmico de
Direito e Conselheiro Nacional da Ação Paramaçônica Juvenil/GOB. rafaelmussi_ipm@hotmail.com).